EMPREENDEDORAS FAZEM SUCESSO COM MARMITAS

O mercado de refeições caseiras cresce com a diversificação do cardápio e com a inovação, abrindo espaço para mais empreendedores


Por Agência Sebrae de Notícias

Cristiane Alcantara acorda todos os dias às 5h30 para dar conta de uma rotina dupla, que envolve os cuidados com os dois filhos e a atividade como empreendedora. Além de ter de arrumar principalmente o mais novo, de cinco anos, para a escola, ela organiza o seu tempo para preparar os pratos da Caseirices da Cris, um negócio de marmitas caseiras que começou há pouco mais de três meses e já vem se tornando o principal ganha-pão da família, moradora do Planalto Paulista, na zona sul de São Paulo.

Também na capital, mas na zona leste, no bairro da Penha, o despertador da Caroline Domingues toca um pouco mais tarde, mas a rotina não exige menos desta empreendedora que também divide suas atenções, mas entre as marmitas saudáveis da Sisters Fit, negócio que toca com a sua irmã nutricionista há nove meses, e o último ano de engenharia de produção, que cursa no período noturno.

A realidade dessas duas Microempreendedoras Individuais (MEIs) faz parte de um cenário que vem se consolidando nos últimos anos no Brasil. De acordo com dados da Receita Federal e do Portal do Empreendedor, a atividade de “fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar” passou do nono lugar em 2014 para o sexto lugar em 2017, alcançando um crescimento de 22,5% neste período.

São aproximadamente 172 mil MEIs registrados nesta atividade, que compreende a preparação de refeições ou pratos cozidos, inclusive congelados, entregues ou servidos em domicílio, como entrega de marmitas.

Para a consultora do Sebrae-SP Karyna Muniz, esse crescimento no número de MEIs trabalhando com marmitas vai além de uma simples tendência. “Marmita nunca foi moda, sempre foi necessidade a partir do momento em que uma família precisa equalizar questões como ter tempo disponível para cozinhar, comprar refeições congeladas, ou ter recursos financeiros para contratar uma empregada doméstica que exerça tal função”, explica.

Segundo a especialista, a indústria lançou muitos produtos de comida pronta ao longo dos últimos anos, mas o efeito foi totalmente o inverso. “O sabor da comida caseira e a procura por hábitos alimentares mais saudáveis têm feito o consumidor olhar para as marmitas com bons olhos”, completa Karyna.

Preparação

Foi justamente com esse pensamento em relação à alimentação mais saudável que Caroline resolveu empreender. Após deixar o estágio em uma multinacional, em maio de 2017, uniu forças com a irmã Michelli, nutricionista, e colocou em prática alguns conceitos aprendidos em cursos de gestão e marketing feitos no Sebrae.

“Fizemos várias pesquisas de mercado antes de abrir a Sisters Fit e percebemos que havia espaço para o nosso negócio. Temos um cardápio diferenciado que agrada aos clientes, além de ser uma comida mais caseira”, explica Caroline.

Os clientes da Sisters Fit, além de ter à disposição as marmitas fitness para o dia a dia, ainda podem combinar o cardápio com consultas com a nutricionista. Ao todo, são três opções de menu, que variam de R$ 9,90 a R$ 22.

Já a história de Cristiane com o empreendedorismo começou pela necessidade de obter uma renda após ter sido desligada do emprego. Na época, ela teve de prolongar a sua licença-maternidade em mais seis meses por conta de um problema de saúde do filho e, quando voltou, acabou sendo dispensada.

“Não consegui me recolocar depois disso, procurei bastante, mas acabei tomando coragem para iniciar o meu próprio negócio”, conta ela, que aproveitou o gosto pela cozinha para começar a trabalhar por conta própria.

“Aproveitei o tempo parada para me aprimorar, fiz alguns cursos no Sebrae e hoje me dedico 100% ao Caseirices”, diz Cristiane. Entre as opções do cardápio, é possível encontrar
três opções de pratos: leves, clássicos e “premium”, todos produzidos com alimentos naturais. O valor das marmitas varia de R$ 12 a R$ 20, em porções individuais.

Exemplos como o da Cristiane são comuns nessa área de atuação empreendedora. De acordo com a consultora Karyna Muniz, o aumento do desemprego de carteira assinada nos últimos dois anos, somado ao empreendedorismo materno, resultou em um “boom” no segmento.

“Quando mães não conseguem se recolocar no mercado de trabalho e precisam ter uma fonte de renda, e ao mesmo tempo estar perto dos filhos, cozinhar em casa passa a ser uma solução, principalmente por ser uma crença de uma atividade prazerosa e que pode gerar renda”, explica a especialista.

Mercado Aquecido

O que começou como uma alternativa, hoje já se torna objeto de planos futuros e, por que não, voos mais altos. Atualmente, a Sisters Fit registra um crescimento de 10% ao mês, com uma média de 100 marmitas vendidas por semana, o que faz com que a proprietária Caroline já pense em um futuro maior para a empresa, deixando até mesmo a sua formação acadêmica de lado.

“Hoje temos algumas dificuldades nas entregas distantes, então pensamos, em um futuro próximo, expandir a marca, talvez até mesmo franqueando. A aceitação está sendo excelente, principalmente nas academias e redes sociais. Nosso público cresce todos os meses, muito por conta do boca a boca, pois as pessoas realmente estão gostando dos nossos pratos”, comemora.

A Caseirices da Cris vai pelo mesmo caminho. Também utilizando as redes sociais como ferramenta de divulgação, Cristiane já começa a colher bons frutos nesse início de trabalho, tanto que já começa a pensar em expansão.

“Precisei comprar um freezer extra maior, pois o meu atual já não dá mais conta. Além disso, já tenho planos para a minha edícula em um futuro próximo, para se tornar um espaço exclusivo da Caseirices”, revela a empreendedora, que já dobrou o seu faturamento desde quando começou o negócio. Atualmente, assim como a Sisters Fit, comercializa em média cem marmitas por semana.

A consultora do Sebrae-SP explica que as empreendedoras devem sempre ficar atentas a algumas questões importantes. “As boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos que são regulamentadas pelas portarias das secretarias de vigilância em saúde do município ou Estado são fundamentais. 

Além disso, elas sempre precisam estar atentas e gerir seus negócios com assertividade para torná-lo lucrativo. Caso contrário, irão trabalhar e não vão ver a cor do dinheiro no fim do mês – e ninguém empreende para não ter lucro”, diz a especialista.

Cinco dicas para empreender na área de comida caseira

1) Regularize-se: Alimentos processados só podem ser comercializados de acordo com as regras da Vigilância Sanitária

2) Seja MEI: Saiba quem fiscaliza seu negócio e conheça suas obrigações enquanto MEI. Acesso o Portal do Empreendedor e fique por dentro: www.portaldoempreendedor.gov.br

3) Cuidados: Seja sempre zeloso com os seus produtos e sua marca

4) Conhecimento: Invista no marketing digital, principalmente com divulgação nas redes sociais, e faça cursos na área


5) Público: Empreenda com foco no seu consumidor. Conheça os hábitos dele e seja cada vez mais assertivo


OUTRA SUPER DICA:






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